Após setembro devemos ter grande parte da população adulta já vacinada no Brasil e esperamos um aquecimento da economia no último trimestre de 2021. Será que suas operações – o que envolve as cadeias de suprimentos, produção e entrega – estão preparadas para a retomada econômica?
Nesse momento de pandemia, onde parte das equipes das organizações das operações estão remotas, tenho observado uma estagnação na evolução do processo de melhoria das operações de forma geral. E por isso posso responder à pergunta dizendo que boa parte das empresas não se encontram preparadas para a retomada.
E não falamos apenas das equipes de Operações, mas sim das interações que elas possuem com as equipes de Qualidade e Desenvolvimento de Produtos e Processos, Recursos Humanos, Comunicações, Tecnologia da Informação, Finanças, Marketing e Vendas. Ou seja, com toda a empresa!
Converso com muitos executivos no meu dia a dia de trabalho como conselheira, mentora e consultora. E vejo que os gestores estão exaustos nas suas rotinas diárias de vídeos- conferências, não conseguindo ter tempo e foco para as atividades de melhoria em suas equipes e nos processos em que são responsáveis. Sem contar que as reorganizações e rotatividade de pessoas continuam, mesmo durante a pandemia. Muitas pessoas começaram a trabalhar nas empresas depois que a pandemia iniciou e nunca foram fisicamente até a empresa a quem estão ligadas profissionalmente. E mal conhecem por vezes as suas equipes.
Esse período de pandemia trouxe uma aceleração da digitalização/automação de muitas atividades relativas a operações ligadas ao comercio eletrônico, como fluxo de pedidos e modelos alternativos de entrega de produto na logística de distribuição. Houve um crescimento na agilidade para que insumos ou produtos chegassem mais rápidos à empresa (B2B) ou ao consumidor (B2C). Mas isso não significa que houve uma evolução dos demais processos da cadeia da produtiva end to end. Sem contar as rupturas de suprimentos por muitos motivos diferentes: alta demanda, capacidade produtiva insuficiente, baixa eficiência, distância geográfica, barreiras alfandegárias complexas, entre outras. Tudo isso tem impactado significativamente os resultados das operações de forma geral.
Uma organização só evolui quando as pessoas envolvidas nos processos estão continuamente procurando por melhorias. Isto é, sempre buscando aprimorar seus processos de trabalho. E isso envolve a criação de grupos multidisciplinares para que se possa obter uma visão mais ampla e sistêmica das necessidades e problemas. Assim, só se conseguem avanços na Produtividade e na Eficiência se houver colaboração entre as equipes de toda a empresa. Lembrando que a geração de conhecimento requer interações para melhoria!!
Por isso precisamos de pessoas que interajam nas rotinas do dia a dia, o que envolve: diálogos de desempenho diários, semanais, solução de problemas em equipe e definição e acompanhamento das ações combinadas, gestão visual nas áreas de trabalho…. tudo isso é muito difícil de ser vivido na sua profundidade com as webcalls que estamos usando neste momento. A mudança cultural – tanto no comportamento quanto na mentalidade – é fundamental para alinhar toda organização na mesma jornada, removendo os gargalos que existem em toda empresa.
Vale lembrar que o perfil do consumo durante a pandemia mudou em termos de itens e quantidades consumidas e isso colocou desafios adicionais em algumas cadeias produtivas em termos de disponibilidade de capacidade. Um novo patamar deve se estabelecer na retomada da economia, onde as operações serão desafiadas por maior eficiência end to end. Outro fator relevante de potencial mudança de perfil da demanda são as questões ambientais, sociais e governança (ASG), imprimindo uma necessidade de atendimento das demandas climáticas através de energia limpa e economia circular, além das demandas sociais e principalmente de governança.
E para dar conta de tudo isso, os Conselhos de Administração, os CEO´s e suas Diretorias, possuem um desafio adicional na construção de uma visão holística do negócio para melhor compreender os impactos das mudanças no modelo de negócio que adotam em toda a operação end to end. O resultado dessa análise é trazer maior competitividade aos produtos existentes, buscar oportunidades de IPO para trazer investimentos, possibilitando a expansão do negócio ou mesmo realizando eventuais aquisições e/ou fusões de empresas.
Agora que estamos avançando com as vacinações, ainda mais lento que gostaríamos, é imperativo começar a estruturar esse retorno das equipes e suas atividades para integração ou reintegração às organizações. Esse retorno, que envolve atividades de melhoria e de transformação, deve ser feita de forma planejada e estruturada, a fim de recuperar o tempo perdido nesse período difícil pela qual o mundo passou, para atender e aproveitar esse novo período econômico que se descortina!
