Compartilho texto que redigi sobre o Green Deal europeu depois de aprender muito a respeito com Ana Flavia Velloso, grande amiga e especialista em sustentabilidade na Europa.
Conforme o Acordo de Paris e o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), para mitigar as ações das emissões dos gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global em 1,5 a 2 graus Celsius, é necessário estimular o desenvolvimento e a implementação de soluções sustentáveis.
Na Europa, passo significativo já foi dado nesse sentido. Sendo ela um grande mercado consumidor global de produtos de valor agregado, resolveu colocar uma meta de redução de 70% de sua pegada de carbono até 2050, considerando todos os impactos gerados desde a obtenção dos materiais para produzir, transportar, etc. até o uso final do produto em casa pelo consumidor, ou seja, toda a cadeia de valor. É o que chamou de Green Deal. A intenção é tornar-se o primeiro continente neutro em emissões de carbono do mundo.
São nove as prioridades do pacto ecológico europeu Green Deal: 1) ambição climática; 2) energia limpa; 3) transformação industrial e economia circular; 4) poluição zero e água limpa; 5) ecossistemas e biodiversidade; 6) agricultura verde; 7) mobilidade; 8) mecanismo de transição econômica justa; e 9) regras/leis e responsabilização democrática que garantam a implementação. Para todos esses pilares, existem planos de ação calendarizados com metas concretas. Além disso, focando a viabilização de recursos voltados a essa transição à sustentabilidade, a União Europeia (UE) prevê investimentos de 1 trilhão de euros com o intuito de não deixar nenhum indivíduo ou região para trás.
Em 2021, o Green Deal tem como prioridade incentivar medidas para a transição energética. Estão sendo elaboradas várias legislações tendo em vista impactos nos subsídios e impostos para produção de energia, ampliação de fontes de energia renováveis, materiais para produção de biocombustíveis, infraestrutura para produção e distribuição de energia (renovável e não renovável) e busca de novas tecnologias. Também estão em revisão as diretrizes de sustentabilidade de matéria-prima para produção de energia, levando em conta os efeitos no desflorestamento e a mudança de uso e manejo da terra.
Esse pacote de medidas pressupõe a mobilização de empresas e comunidades, organizações, entidades de classe e governo. Requer de companhias, por exemplo, infraestrutura para veículos elétricos movidos a hidrogênio, para reciclagem, dentre outras medidas. Por isso, um enorme alinhamento estratégico entre demandas e recursos vem sendo realizado.
Imagine a força desse movimento aglutinando vários agentes com um só foco e uma só direção! O Green Deal está começando, mas certamente vai influenciar o mundo todo. É uma oportunidade e tanto para os parceiros econômicos da comunidade europeia, mas não só!
O Brasil também tem de aproveitar o momento para melhorar sua economia e ser mais um protagonista contribuindo para a saúde do Planeta. É urgente que o país comece a se mover rápido no sentido de tornar sua agricultura e seus produtos alimentícios mais verdes, preservar e replantar florestas, comercializar carbono e estruturar-se para acompanhar as novas tendências de energia, transporte e outras frentes que estão por vir.